terça-feira, 2 de maio de 2017

OS PECADOS LETAIS DE UMA SOCIEDADE INJUSTA E DESIGUAL, SEGUNDO AS “CLASSES FALANTES”!

Joilson Gouveia*

Há exatos dezessete anos e vinte dias, o mestre Olavo de Carvalho, nos premiava com seu brilhante texto “Direto do inferno”, editado em 13 de abril de 2000, no Jornal da Tarde, do qual colacionamos alguns excertos abaixo transcritos, para uma melhor compreensão das litanias, ladainhas e cantilenas ou esfarrapadas, ilógicas e esbravejadas enganosas latomias de uma “Esquerda Caviar”, segundo Rodrigo Constantino, também citado por nós noutros textos, em nosso modesto Blog.
Dissera-nos o mestre, a saber:
  • O clamor obsessivo dos intelectuais, dos políticos e da mídia pela ‘supressão dos desigualdades’ e por uma ‘sociedade mais justa pode não produzir, mesmo no longo prazo, nenhum desses dois resultados ou qualquer coisa que se pareça com eles. Mas, de imediato, produz ao menos um resultado infalível: faz as pessoas acreditarem que o predomínio da justiça e do bem depende da sociedade, do Estado, das leis, e não delas próprias. Quanto mais nos indignamos com a ‘sociedade injusta’, mais nossos pecados pessoais parecem se dissolver na geral iniquidade e perder toda importância própria.
E nos indaga:
  • “Que é uma mentira isolada, uma traição casual, uma deslealdade singular no quadro de universal safadeza que os jornais descrevem e a cólera dos demagogos verbera em palavras de fogo do alto dos palanques? É uma pequena gota d’água no oceano, um grão de areia no deserto, uma partícula errante entre as galáxias, um infinitesimal ante o infinito. Ninguém vai ver. Pequemos, pois, com a consciência tranquila, e discursemos contra o mal do mundo.”
E continua: “eliminemos do nosso coração todo sentimento de culpa, expelindo-o sobre as instituições, as leis, a injusta distribuição da renda, a alta taxa de juros e as hediondas privatizações.”
Porém, nos adverte e alerta:
  • Só há um problema: se todo mundo pensa assim, o mal se multiplica pelo número de palavras que o condenam. E, quanto mais maldoso cada um se torna, mais se inflama no coração de todos a indignação contra o mal genérico e sem autor do qual todos se sentem vítimas.
  • É preciso ser um cego, um idiota ou completo alienado da realidade para não notar que, na história dos últimos séculos, e sobretudo das últimas décadas, a expansão dos ideais sociais e da revolta contra a ‘sociedade injusta’ vem junto com o rebaixamento do padrão moral dos indivíduos e com a consequente multiplicação do número de seus crimes. E é preciso ter uma mentalidade monstruosamente preconceituosa para recusar-se a ver o nexo causal que liga a demissão moral dos indivíduos a uma ética que os convida a aliviar-se de suas culpas lançando-as sobre as contas de um universal abstrato, ‘a sociedade
  • “Se uma conexão tão óbvia escapa aos examinadores e estes se perdem na conjeturação evasiva de mil e uma outras causas possíveis, é por um motivo muito simples: a classe que promove a ética da irresponsabilidade pessoal e da inculpação de generalidades é a mesma incumbida de examinar a sociedade e dizer o que se passa. O inquérito está a cargo do criminoso. São os intelectuais que, primeiro, dissolvem o senso dos valores morais, jogam os filhos contra os pais, lisonjeiam a maldade individual e fazem de cada delinquente uma vítima habilitada a receber indenizações da sociedade má, e, depois, contemplando o panorama da delinquência geral resultante da assimilação dos novos valores, se recusam a assumir a responsabilidade pelos efeitos de suas palavras. Então têm de recorrer a subterfúgios cada vez mais artificioso para conservar uma pose de autoridades isentas e cientificamente confiáveis.” (Sic.) – Sem destaques no original.
E nos explica ainda mais, a saber:
  • “Os cientistas sociais, os psicólogos, os jornalistas, os escritores, ‘as classes falantes’, como os chama Pierre Bourdieu, não são as testemunhas neutras e distantes que gostam de parecer em público (mesmo quando em família se confessam reformadores sociais ou revolucionários). São forças agentes de transformação social, as mais poderosas e eficazes, as únicas que têm uma ação direta sobre a imaginação, os sentimentos e a conduta das massas. O que quer que a degrade e apodreça na vida social pode ter centenas de outras causas concorrentes, predisponentes, associadas, remotas e indiretas, mas sua causa imediata e decisiva é a influência avassaladora e onipresente das ‘classes falantes’.” (Sic) – Sem destaques no original.
De lembrar que, muitos desses integrantes das “classes falantes”, mormente os ditos especialistas sociólogos, jornalistas da antiga imprensa-livre, que se transformaram em exímios “agentes-de-transformação-social” e arautos de ideias, ideais e ideologias socialistas/comunistas senão coletivistas-igualitários ferrenhos amantes da humanidade e salvadores do mundo ou protetores de minorias e dos chamados “excluídos sociais”, sobretudo quando se trata de “crianças e adolescentes” ou delinquentes infanto-juvenis, os quais podem tudo, de tudo e a tudo, menos a ser obrigados a estudar e/ou trabalhar, por exemplo, tutelados pelo famigerado ECA, ONGs e “instituições” de direitos dos manos e de uma atoleimada samaritana parlamentar de matiz escarlate.
E arremata seu escólio, na seguinte ilação, o mestre em liça, a saber:
  • Debilitar a consciência moral dos indivíduos a pretexto de reformar a sociedade é tornar-se autor intelectual de todos os crimese depois, com redobrado cinismo, apagar todas as pistas. A culpa dos intelectuais ativistas da degradação da vida social, na desumanização das relações pessoais, na produção da criminalidade desenfreada é, no seu efeito conjunto, ilimitada e incalculável. É talvez por eles terem se sujado anto que suas palavras de acusação contra a sociedade têm aquela ressonância profunda e atemorizante que ante a plateia ingênua lhes confere uma aparência de credibilidade. Ninguém fala com mais força e propriedade contra o pecador do que o demônio que o induziu ao pecado. O discurso dos intelectuais ativistas contra a sociedade vem direto do último círculo do inferno.” (Sic.) – Sem grifos no original. Loco citato. P188/199 – In “O mínimo que você precisa saber para não ser um idiota”.
Enfim, de há muito que imputam-nos todos os males por essa tal “sociedade injusta e desigual” enquanto eLLes, mormente os ditos libertários revolucionários progressistas, se isentam de todos os males que nos causaram nesses últimos seis lustros! Ou não?
Abr
*JG

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